Katarina Peixoto
“Quebraram o país. São uns delinquentes. Albertinho já tinha xingado o sujeito no hospital, ele viu antes. Disseram que era barbárie. Tá aí, agora, a polícia foi lá. Tem de ser assim, tem de enjaular tudinho, e o estrago que eles fizeram não vai ser consertado. Pelo menos fica claro, agora, que quebrar o país não é um crime impune. Temos ainda duas semanas antes da eleição, para as pessoas perceberem com o que estamos lidando. Dizem que ela é inocente, vão vendo. O ministro da Fazenda dela está preso! São todos ladrões! E ainda tem gente que acredita neles!”.
Guido Mantega tem um filho menor de idade e uma companheira que enfrenta um câncer. Foi preso no hospital, enquanto acompanhava um procedimento para tratamento da mulher. Mantega tem residência fixa e não tem antecedentes. Não há prova contra Mantega e não há risco de fuga. De novo: ele tem um filho menor de idade e tem uma mulher com câncer, em tratamento.
Não é Lula e ainda não chegou o fim das eleições municipais.
Tem muita gente querida dizendo que está tudo bem e que não estamos nem perto dos anos mais sombrios, passados há pouco.
O câncer é pior que o pau de arara e ele tem essa prerrogativa, de se estender e contaminar quem ama alguém que está doente. O pau de arara, ele se espalha, se vocês entendem. Enjaular, a fim de obter manchetes e notícias de tevê, um marido que acompanha a mulher num procedimento para tratar desse monstro, é vil, odioso.
Qual a ameaça que fundamenta e pode justificar o enjaulamento de Guido Mantega? Em que Estado de Direito essa conduta é referida?
O intento é este: ser vil, ser odioso, promover o linchamento, o ódio, o desejo de morte. O espalhamento do desejo de morte.
É a metástase parasitando o processo penal e sequestrando as células vivas que ainda restam da Constituição. Incurável ferida.
O ódio foi disseminado pela direita fascista.