O Brasil é um palco de esperanças e de crimes. Os crimes, infelizmente, vêm ganhando de 7×1 das esperanças. E, falando dos acontecimentos mais recentes, o fato mais importante do dia não é a pesquisa Datafolha que deu 37% de aprovação ao governo genocida de Jair Bolsonaro e seus cúmplices, militares, banqueiros, gerentes do agronegócio, pastores (sic) evangélicos (sic) e a malta de oportunistas que vêm parasitando a possibilidade do Brasil se tornar uma nação, de fato.
O fato mais importante do dia foi o ataque covarde promovido pelo governo de Romeu Zema (Partido Novo (sic)), pelo Judiciário e pela Polícia Militar de Minas Gerais, contra o acampamento Quilombo Campo Grande, do MST, que transformou uma área abandonada e falida em um espaço agroecológico exemplar criador de vida e de valor. Nas poucas cenas que vimos hoje, vimos, mais uma vez, o lamentável papel desempenhado pelas forças policiais brasileiras em defesa do único direito que parece existir: o de propriedade, e mesmo assim de uma forma totalmente distorcida e contra o que estabelece a lei maior do país, a Constituição.
Não há palavras suficientes para descrever a dimensão da barbárie que vimos (na verdade, não vimos integralmente porque a PM de Minas censurou) no acampamento do MST. Cacetetes, bombas de gás, incêndios criminosos, ameaça de violência contra homens, mulheres e crianças. Com as instituições democráticas do país de joelhos para Bolsonaro, os relatos do que vêm acontecendo no Brasil têm que ganhar o mundo. Se a OEA fosse uma instituição séria e não um cartório da geopolítica da Casa Branca, seria um espaço de denúncia, Se a ONU não estivesse aos frangalhos, dilacerada pelo outro criminoso Donald Trump, também haveria aí um espaço de esperança. Mas não há. É preciso buscar inspiração para a esperança em outros lugares.
O mais importante, hoje, não é ficar multiplicando especulações sobre os 37% de Bolsonaro, mas aproveitar o espaço de 63% (que é bem maior que 37%, aliás) para denunciar mais esse episódio de barbárie, de violência dessa elite macabra e decrépita que governa o Brasil sobre as pessoas que dedicam sua vida para a construção de algo que mereça o nome de povo. A missão do dia é expressar solidariedade ativa ao MST e aos homens, mulheres e crianças que foram alvo hoje de mais um ataque do “Estado” brasileiro.
Além da solidariedade, é preciso destacar a postura de resistência, luta. dignidade e coragem que define todas as famílias do Quilombo Campo Grande. Se alguém está se perguntando como enfrentar os 37% de apoio ao genocida Bolsonaro e seus braços militares, jurídicos e políticos, o Quilombo Campo Grande deu uma aula hoje.
A aula não foi transmitida online, porque a PM mineira não permitiu, exibindo a sua própria e editada versão, reproduzindo o que as polícias militares vêm fazendo ao longo de toda sua existência no Brasil, a saber, defendendo os interesses dos grandes proprietários e pisoteando os direitos do povo mais pobre.
Para quem está em busca de um caminho de como enfrentar a política genocida e entreguista de Bolsonaro e de seus aliados militares, banqueiros, fazendeiros e similares, a lição foi dada pelo MST e pelas famílias do Quilombo Campo Grande. Contra a covardia, coragem. Contra a indignidade, altivez. Contra a mentira, a verdade. Contra a morte, a defesa da vida.
BARBÁRIE!!!