O Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, de Salvador (BA), promoveu uma votação envolvendo alunos, professores, pais e moradores do bairro onde está localizado para mudar o nome da escola inaugurada em 1971 pelo então governador (interventor, na verdade) Antônio Carlos Magalhães. Resultado da votação: sai o nome do ditador que presidiu o Brasil entre 1969 e 1974 e entra o nome de Carlos Marighella, que pegou em armas para enfrentar a ditadura. Dois nomes foram submetidos à apreciação do eleitorado: Carlos Marighella e o geógrafo Milton Santos, ambos baianos. Marighella venceu disparado: 406 contra 128, com 27 votos brancos e 25 nulos.
Segundo a diretora da escola, Aldair Almeida Dantas, há mais de dez anos havia uma inquietação por parte do corpo de professores, principalmente dos profissionais da área de Ciências Humanas, Filosofia e História, com o nome da escola. “Este ano, porém, decidimos levar esse desejo dos professores à frente. Mas não foi algo de uma hora para outra. Realizamos um longo trabalho de pesquisa junto a toda a comunidade escolar, e percebemos que esse era um desejo comum”, disse ao jornal Estado de São Paulo.
A eleição virou uma aula de história para toda a comunidade. A história de vida de Marighella e Milton Santos foi apresentada aos alunos, por meio de vídeos, exposições, explanações e debates. A escola tem cerca de mil alunos e oferece cursos do ensino fundamental, ensino médio e profissionalizante. O resultado do processo de escolha será submetido agora à apreciação do secretário de Educação do Estado, Oswaldo Barreto, que dará a palavra final.
Está aí um belo exemplo a ser seguido. Além do sentido simbólico e do resgate da memória, é uma oportunidade para as comunidades escolares estudarem a história de seu país. Quais foram mesmo os crimes de Médici, que era gaúcho aliás, durante a ditadura? Esse não é um assunto que interessa aos nossos estudantes?